A Assembleia Municipal de Paredes aprovou, por maioria, com 24 votos a favor e 14 abstenções, a prestação de contas referente ao ano de 2018.
O presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, na habitual análise dos números, realçou a redução da dívida total do município, em cerca de sete milhões de euros, como um dos factos mais relevantes dos documentos de prestação de contas, assim como a capacidade do executivo continuar a investir apesar das dificuldades financeiras encontradas.
“Conseguimos manter a câmara sempre a fazer investimentos, construímos o Complexo Desportivo de Parada, do Sobreirense, estamos com investimentos em Baltar e noutras freguesias. Tivemos que poupar bastantes verbas para chegar a Março e desembolsar 1 milhão e seiscentos mil euros para adquirir o Complexo das Laranjeiras e conseguimos reduzir o passivo em cerca de sete milhões de euros de 2017 para 2018, passivo esse que tem vindo sempre a aumentar, chegou a 2017 num máximo de 103 milhões de euros e em 2018 desceu para 96 milhões de euros. Sete milhões parece pouca coisa, mas estamos a falar de uma poupança em termos correntes na ordem dos 600 mil euros por mês”, disse.
O autarca destacou, também, que as dívidas de curto prazo também seguiram a trajetória descendente, baixando para 19 milhões de euros, uma redução de cerca de três milhões e meio de euros em relação ao ano passado.
No que toca aos empréstimos bancários, o chefe do executivo recordou que em 2017 eram de 31 milhões de euros, tendo esta baixado para 29 milhões e oitocentos.
Quanto à dívida a fornecedores, Alexandre Almeida confirmou que esta desceu de 2017 para 2018 na ordem dos dois milhões de euros.
“Assim que chegamos à câmara municipal renegociámos a dívida bancária. Nós tínhamos um empréstimo do PAEL, que a câmara tinha contratado em 2016 para não entrar em incumprimento e substituímos esse empréstimo por um empréstimo à banca e isso permitiu uma poupança de juros pagos anualmente. Em 2016 a câmara tinha pago de juros um milhão e 20 mil euros, em 2017 pagou 832 e em 2018, 521”, expressou, sustentando além da redução do passivo, os indicadores corroboram que as dívidas de curto prazo desceram 3,2 milhões de euros e os empréstimos bancários 1,8 milhões de euros.
Na sua intervenção, o autarca refutou, ainda, a ideia de que a dívida e o passivo tenham diminuído à custa do desinvestimento, assumindo o compromisso de, este ano, voltar a descer o passivo e a dívida da Câmara de Paredes.
Rui Silva, do PS Paredes, congratulou-se com o esforço realizado pela autarquia na diminuição do passivo, referindo-se à prestação de contas de 2018 como um exercício de “gestão transparente, responsável e equilibrada, onde rigor e eficiência estiveram sempre presentes”.
“Pela primeira vez em muitos anos, cerca de 13, houve uma regressão do aumento do passivo, tal desiderato é tão significativo que até mereceu a aprovação da oposição. Podem alguns não gostar de ouvir, mas os números são como algodão, não enganam. Sete milhões de redução de passivo dividido desta forma: dívidas de curto prazo, menos 3, 2 milhões, empréstimos médio e longo prazo, menos 1, 8 milhões de euros e dois milhões nas dívidas a fornecedores. Atrevo-me a afirmar que qualquer semelhança com o passado é pura coincidência”, manifestou, recordando que num passado recente quando o executivo PSD teve de recorrer ao Programa de Apoio à Economia Local contraindo um empréstimo no valor de mais de 11 milhões de euros aparecendo em 2016 na lista da Direção-Geral do Orçamento juntamente com outros 13 municípios que não cumpriam com a Lei dos Compromissos.
“Em 2018 foram feito investimentos em novas obras, na manutenção das existentes e não obstante as responsabilidades financeiras elevadas estão previstos no orçamento de 2019 investimentos de grande impacto no concelho, como a piscina ao ar livre, a Casa da Juventude, a Complexo das Laranjeiras, a requalificação das EB 2,3 de Lordelo e Rebordosa”, sustentou.
Soares Carneiro, do PSD, acusou o executivo municipal de descer o passivo e a dívida desinvestindo em áreas-chave como o desporto, a habitação, transportes e comunicações e na educação.
Previsivelmente, já calculávamos, que o Senhor Presidente viesse com essa parangona de que reduziu o passivo, com essa parangona dos sete milhões, mais parece que continua em campanha, e tal como no Governo parece que também aqui há uma Geringonça. Já é tempo da campanha acabar, o PSD foi julgado, o PSD já perdeu as eleições, o povo português já castigou aquilo que havia a castigar. Entendemos e interpretamos a vontade do povo e é tempo de V. Exa começar a governar e deixar de se desculpar com o passado”, afiançou, declarando que a câmara municipal afirma ter baixado o passivo em 6,7 milhões de euros, quando ativo baixou no ano de 2018, 8, 6 milhões de euros.
“É fantástico dizer-se sete milhões, mas depois o ativo da instituição câmara municipal diminuiu 8,6 milhões de euros. Sei que isto custa a ouvir, mas esta é que é a realidade dos números”, acrescentou.
“A dívida era em 2017, 50 milhões de euros, baixou agora para 46, 9 milhões de euros e baixou à conta de quê? Baixou-se porque a câmara deixou de investir em relação a 2017, 3, 5 milhões de euros. A câmara cobrou impostos a mais no ano 2018 em relação a 2017 de 1, 1 milhões de euros. Reduziu os juros. Teve uma gestão eficiente, é verdade, contraiu um novo empréstimo para pagar o PAEL em condições mais vantajosas, o PSD votou a favor, já contraiu mais empréstimos e nós temos votado sempre a favor e isso acontece porque tem capacidade de endividamento”, acrescentou, asseverando que a câmara municipal, apesar das dificuldades, tinha capacidade para contrair novos empréstimos.
“Não é a falta de capacidade de endividamento que tem impedido este executivo de governar. V. Exa diminuiu o passivo e dívida, é uma opção sua, à custa de fazer menos investimento. Este desinvestimento grassa por todas as áreas, no desporto, em 2016 era um milhão e oitocentos mil e passou para 522, em transporte e comunicações eram de nove milhões baixou para 1, 8 milhões, na habitação era de 1,9 milhões e passou para 755 mil, na educação um milhão 752 e baixou para 237 mil euros. Menos investimento significa dificuldades maiores e menor bem-estar para o município no futuro”, avançou.
Questionado pelo deputado do CDS-PP, Jorge Ribeiro, sobre a prometida auditoria às contas do município, o presidente da Câmara de Paredes esclareceu que a mesma está concluída e será apresentada a breve prazo tanto em reunião do executivo como na Assembleia Municipal.
“A auditoria está concluída. Ao contrário do que disse não é uma auditoria de 2013, estamos a falar de uma auditoria às contas de 31 de Dezembro de 2017 feita por uma empresa independente. A auditoria irá ser discutida com os técnicos da câmara municipal dos vários setores, apresentada em reunião de câmara e na Assembleia Municipal. Não veio a tempo de ser apresentada, mas na próxima será apresentada de certeza absoluta”, concretizou.